segunda-feira, 10 de outubro de 2011

OS MUTANTES - Parte III

Por Gustavo Henrique

Álbum: MUTANTES (1969)



Para esse 2º álbum os Mutantes vieram ainda mais criativos e mais experimentais. Se no 1º aquela mistura de rock com ritmos nacionais assustou a todos, nesse 2º álbum, alem dessa mistura muito genuína, houve ainda mais estreitamento entre o talento do trio central formado por Sergio Dias, Arnaldo Batista e Rita Lee, com o talento do grande maestro Rogerio Duprat e com a Tropicália. Eles passeavam entre a MPB e o Rock Psicodélico na mesma musica. A idéia do disco também meio que conflita com a historia do Dom Quixote. A capa é uma alusão a isso. Nela, Sergio, Arnaldo e Rita estão de Dom Quixote, Sancho Pança e A Noiva da historia de Miguel de Cervantes. Confiram as musicas !

1 – Dom Quixote (3:54) = O álbum começa em grande estilo. Música composta pelo trio central da banda e com os arranjos fantásticos do maestro Duprat. Aqui a letra é mais um dos ‘’trava-línguas’’ que Os Mutantes eram especialistas em fazer. Um clima psicodélico toma conta o andamento da música. Grande abertura de disco.



2 – Não Vá Se Perder Por Aí (3:16) = Música composta pela dupla Rafael Vilardi e Roberto Loyola, que nada mais são que os parceiros de Arnaldo Batista e Sergio Dias antes dos Mutantes, numa banda chamada The Wooden Faces. A música é aquele rock com violão e com a entrada da famosa guitarra distorcida que assombrava na época. Muito boa música.



3 – Dia 36 (4:01) = Uma das muitas viagens ácidas que os Mutantes fizeram. O vocal de Arnaldo usa um efeito muito viajante e a letra é completamente no-sense para nós, sóbrios.



4 – 2001 (3:57) = Numa parceria dos Mutantes com Tom Zé, saiu uma das melhores músicas da banda. 2001 é uma sensacional mistura de música caipira, de viola, com rock and roll. Já naquela época, no final dos anos 60, abordando um tema como ‘’equação me propõe, computador me resolve’’. No meio da musica, há uma espécie de clima computadorizado, volta para o clima sertanejo caipira do começo e termina rock and roll. Sem duvida, uma das melhores musicas dos Mutantes, que Rita Lee toca até hoje nos seus shows.



5 – Algo Mais (2:38) = Mais uma do trio central. Tem um clima bem fim dos anos 60. Parece até uma trilha de filme daquela época. Aqui nota-se um pianinho sensacional, uma percussão afiada e um moog bem característico no som dos Mutantes.



6 – Fuga Nº 2 (3:42) = Mais uma do trio central, cheia de psicodelia e lindos arranjos do Maestro Rogerio Duprat. Num clima calmo e sereno, Rita Lee canta com sua voz doce uma letra sobre fugir para longe de algo que persegue. Seria algo alusivo à Ditadura ? Essa musica tem uma versão feita pelos Titas no disco ‘’As 10 Mais’’.



7 – Banho de Lua (3:41) = Uma versão propria da musica Tintarella de Luna. Sim amigos, aquela mesma musica chata cantada pela Cely Campelo nos anos 60. Mas dessa vez com um toque de psicodelia, guitarra distorcida e, lógico, o tom debochado e bem humorado dos Mutantes. Vale a pena escutar !



8 – Rita Lee (3:10) = Composição do trio central. Musica que aborda a cantora Rita Lee. Basicamente uma letra sobre a busca dela pelo amor. Como na capa, Rita Lee está como a Noiva de Dom Quixote, essa é a letra que simboliza sua busca pelo seu parceiro ideal.



9 – Mágica (4:38) = Mais uma do trio central dos Mutantes. Uma das musicas mais loucas do disco. O intrumental e o andamento são totalmente desconexos, com muitas idas e voltas a um ritmo diferente. A guitarra de Arnaldo usa um wha-wha muito bom. E eis que, aos 4 minutos de musica, surge o riff de Satisfaction dos Rolling Stones !



10 – Qualquer Bobagem (4:37) = Mais uma parceria dos Mutantes com o grande Tom Zé. Musica que foi coverizada pelo Pato Fu. Muito bom ouvir o tecladinho moog e as trombetas na hora do refrão. E para diferenciar, Sergio Dias canta essa gaguejando. É muita criatividade.



11 – Caminhante Noturno (5:11) = O álbum encerra em grande estilo com mais uma letra sobre amor feita pelo trio central dos Mutantes. A letra é nitidamente sobre algum amante que procura a sua amada pela noite. Mas não é tão explicito isso na letra. A letra é basicamente uma poesia. Muito legal.



Esse foi o 2º disco dos Mutantes. A partir desse momento, a banda já estava estabilizada e a criatividade do trio central formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo Batista e Sergio Dias estava aflorando muito. Era o final dos anos 60, transição para os anos 70, a melhor época do rock na minha opinião e os Mutantes ainda tinham muito a nos mostrar !!!

Até lá !!!

Gustavo Henrique @Gustavo_CAP

Para ler as duas primeiras partes:

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