quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Capital Inicial

Por Rafael Takamoto



Eaeee povo, tudo bem???

Tirei o dia hoje para escrever sobre uma das bandas que eu mais gostava do rock nacional. E é até engraçado falar de uma banda que conheço tanto e cuja história pode ser dividida em várias partes. O Capital Inicial é uma das inúmeras bandas bem sucedidas de Brasília, mas nem sempre foi assim. Após o fim do Aborto elétrico os irmãos Fe e Flavio Lemos (bateria e baixo, respectivamente), deram inicio a um projeto particular, começaram sua própria banda. Convidaram Loro Jones antigo colega de colégio para assumir as guitarras, mais tarde Dinho Ouro Preto fez um teste na banda por indicação de seu irmão Dado Villa-Lobos (o pai de Dinho e a mãe de Dado são casados e Dado é sobrinho-neto do compositor Villa Lobos), que já era guitarrista da Legião Urbana.

Estava formado o Capital Inicial, mas entre 1982 e 1985 não iam além de pequenas apresentações em São Paulo no SESC Pompéia e no Rio de Janeiro no Circo Voador, ainda nesta época a banda gravou seu primeiro EP. O compacto Descendo o Rio Nilo/Leve Desespero, porém, não era nada que chamasse a atenção por parte de mídia ou público. Mas no ano seguinte, com um empurrão dos amigos brasilienses do Paralamas do Sucesso, gravaram finalmente seu primeiro álbum e atingiram certo grau de sucesso, sendo vista como uma banda promissora em meio a tantas outras que surgiram no cenário brasileiro daquela década. “Música Urbana" virou um grande hit da banda, um dos principais até hoje, junto de “Psicopata”, Fátima” e "Veraneio Vascaína", esta na época censurada pela polícia, já que vivíamos os anos finais do regime militar.



Mesmo tendo uma boa aceitação da imprensa e público, o Capital era tido como uma banda do segundo escalão do rock brasileiro. Mas já em 1987 (apenas um ano depois), a banda lança o álbum "Independência", com músicas que não entraram no primeiro álbum, mas era consideradas boas para o segundo. Gerou certo desconforto aos fãs, já que músicas que não serviam antes, agora serviam? Pura jogada de marketing para tentar alavancar a banda de vez. Tanto é que apenas a música "Independência", que levou o título do álbum, foi sucesso. E o Capital conhece seu primeiro declínio.

E mais uma vez, apenas um ano depois, o Capital lança seu terceiro álbum, mas agora, a banda já tinha mais nome após uma boa turnê, abrindo shows do Sting no Brasil. Em 1988 é lançado "Você Não Precisa Entender", agora com Bozzo Barretti oficialmente integrando a banda nos teclados. O álbum teve grande destaque pela música "Fogo", uma boa balada que hoje virou clássico da banda. E como os produtores queriam aproveitar a crescente do Capital Inicial, entre shows e desavenças, mais um álbum. Já em 1989 "Todos os Lados", um dos melhores pela sonoridade e letras, com boa músicas como "Belos e Malditos", "Mickey Mouse em Moscou", "Todos os Lados" teve até regravação de "2001", dos Mutantes. E aproveitando o embalo dessa ascensão a banda é convidada para o Hollywood Rock em São Paulo e Rio de Janeiro.



Já nos anos 90, o rock brasileiro estava enfrentando certa dificuldade para emplacar bandas de rock, até porque o início dos anos 90 foi marcado como a época da lambada e do sertanejo. Mas ainda assim, uma carta na manga. Uma nova edição do Rock in Rio. E nesse embalo, o Capital lança já no início de 91 o álbum "Eletricidade", com "Todas as Noites", "Kamikaze" e "O Passageiro" (regravação de The Passenger do lendário Iggy Pop). Mas mesmo assim, a banda sofreu com brigas internas e Dinho Ouro Preto sai do grupo, logo depois, Bozzo Barretti. Murilo Lima é convidado a assumir os vocais e entre 1993 e 1996 o capital grava dois  álbuns sem Dinho, "Rua 47" e "Ao Vivo" que não chegaram nem ao menos a emplacar como sucesso de vendas enquanto Dinho gravou com sua banda Vertigo um bom álbum e em seguida um solo, com basicamente os mesmos integrantes, mas era uma época complicada. o ex-vocalista do Capital morava no centro de São Paulo e tocava em bares e restaurante em troca de comida e o Capital estava prestes a sair de cena definitivamente, foi quando Dinho atendeu uma ligação de Loro Jones, convidando-o a fazer uma turnê de despedida do Capital Inicial.


A reunião foi longa e só em 97 é que a banda voltou de vez ao cenário musical, lançando no ano seguinte, o que considero seu melhor trabalho, o álbum "Atrás dos Olhos", nessa época Dinho ia ter sua primeira filha Giulia e durante a gravação do álbum em Londres a distância quase o fez desistir de tudo. Segundo ele mesmo, chorava toda noite de saudade quando falava com a esposa. Mas foi até o fim e gravaram o álbum, voltaram ao Brasil e emplacaram "O Mundo", "Eu Vou Estar" e regravaram "Assim Assado" do Secos e Molhados nova versão mais rock. A partir deste momento a banda começou a ganhar força e passo a passo foi se tornando um dos principais nomes do rock brasileiro da década de 90. Um sucesso tardio, mas merecido para quem lutou tanto contra a maré desde o começo.



Rafael Takamoto
http://esquizofreniacoletiva.blogspot.com/

3 comentários:

  1. Gosto muito do Capital... Fátima é uma das minhas preferidas. Também pudera, a letra é simplesmente de Renato Russo. Não conhecia essa ligação com o Dado.
    Marco Antonio Martire
    @MarcoAMartire
    http://obloguidomarco.blogspot.com/

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  2. ahhh tem várias histórias deles q eu lembro, mas não teria tanto espaço... rs
    eu já gosto mais do b-sides deles... até pq é uma banda q se sagrou no 2º escalão...

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  3. Adorei!!! Bom demais Rafa!!!

    Uma das minhas bandas brasileiras favoritas!!! Muito bom ler sobre a carreira deles!!! =D
    Ainda mais escrito tão bem e por você!!!

    Parabénss... o blog tá maravilhoso pessoal!!!
    Beijosss

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