domingo, 11 de setembro de 2011

London’s burning e os Stones explicam




A série de protestos no Egito derrubou Mubarak. Estudantes chilenos promoveram beijaço por uma educação melhor. Ativistas ucranianas tiraram a roupa para protestar contra a reforma na lei da aposentadoria. Até mesmo em uma cidadezinha sem graça da Grande São Paulo chamada Guarulhos, também conhecida como Terra do Nunca – onde nunca acontece nada –, no último desfile cívico de 7 de setembro havia um número considerável de manifestantes que desaprovavam a comemoração do Dia da Independência.

Ao que tudo indica, as pessoas encontraram sua voz e descobriram que palavras de protestos gritadas insistentemente podem sim causar efeito, desde que o objetivo dos protestos seja claro.  Caso que não aconteceu em Londres, no começo do mês passado.

O que começou como manifestação contra a morte de Mark Duggan, baleado pela polícia, se transformou em uma onda de vandalismo e saques a lojas de aparelhos eletrônicos, roupas de marca e bebidas. E depois disso as palavras “London’s burning” – obvia referência à música do The Clash – apareceram incontáveis vezes nos jornais e praticamente todo mundo resolveu fazer uma análise política, social e psicológica dos tumultos.

Dúvido que fosse este o objetivo dos tumultos que aconteceram em Londres, mas a questão que eles levantam é muito mais filosofica do que política ou social: em nome do que você enfrentaria o status quo, establishment, a polícia?


        
Aparentemente, os saqueadores de Londres se arriscaram em troca de bugigangas eletrônicas e tralhas de marca (reza a lenda que um dos saqueadores experimentou um dos tênis antes de sair correndo com o par). E quando o ser humano se dispõe a provocar um caos da proporção do de Londres por algo tão superficial fica claro que o nível de superficialidade a que estamos expostos está beirando o radioativo. O verbo “ser” foi substituído pelo “ter” e o “ter” se tornou o “acumular”.

Seria esse o mal do nosso tempo? Algo recente? Eu acho que não.

Numa madrugada, em junho de 1965, Keith Richards acordou em seu quarto de hotel com um riff de guitarra pronto e a frase “I can't get no satisfaction” martelando em sua cabeça. Ele gravou o riff e a frase em um gravador portátil e mostrou a fita para a banda na manhã seguinte. A fita continha o seu riff e a frase seguidos pelos sons dos roncos do Keith Richards, e resultou na música que mesmo os que não são fãs dos Stones conhecem: Satisfaction.

E desde 1965 a humanidade vem tentanto, e  tentando e tentando e não consegue se satisfazer.

Qual a cura para esta insatisfação crônica?

Resposta complicada, mais complexa dos que as linhas que diponho para este post. Mas já que eu recorri aos Rolling Stones para elucidar o problema, recorro a eles mais uma vez na tentativa de solução:
        
You can't always get what you want
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!
        
Eu gosto das palavras escolhidas nas linhas acima, da relação entre want/need, elas no mínimo nos fazer ver que o bom e velho rock’n’roll funciona melhor que livro de autoajuda.


9 comentários:

  1. Galera,

    Esta é a estréia da querida Roberta Grassi aqui no Social Rock Club. Ela escreve MUITO bem e simplesmente arrebentou neste primeiro.

    Seja bem vinda, Roberta!!! Muito obrigado por aceitar o convite para fazer parte do nosso Clube!

    Grande abraço

    Marcelo Oliveira

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  2. Disse tudo minha querida companheira de blog! É como eu disse um dia no twitter, e vou frisar aqui novamente! "No séc XVI, talvez "Ser ou não ser?" podia ser a questão! Mas no séc que nos rege, o séc XXI, acho que a grande questão é "Ter ou não ter?"! E assim seque... Pena que aqui não se da para ter um aprofundamento maior da coisa! Mas suas palavras aí em cima já foram muita bem ditas!

    Seja muito bem vinda minha amiga! É uma honra ter você conosco!

    Abraço

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  3. bom ro, nem preciso dizer que sou teu fã, até hoje me sinto honrado por poder escrever com você no blog, talvez mais ainda por ter sido convidado por você, mas por toda a consideração da nossa amizade, talvez eu não seja a pessoa mais indicada pra fazer qualquer tipo de elogio à você, mas queria te dar os parabéns por mais essa conquista, mandou bem!!!!!!

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  4. Que nada, Rafael! Amigo tá liberado pra falar bem, sim. Não pode é falar mal... hahahahahaa

    E os elogios não serão imerecidos nem somente rasgar seda, pois a Roberta manda muito mesmo.

    Seja muito bem vindo ao nosso Blog. Sinta-se em casa.

    Grande abraço

    Marcelo Oliveira

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  5. hahahahahahaha
    tranquilo, falar mal eu só falo quando a encontro, mas aí é aquele velho jargão... "dá dinheiro, mas não dá intimidade", mas brincadeiras a parte, aprecio demais os textos da roberta, não sei nem há quanto tempo já leio, mas muitas vezes leio qualquer coisa dela, ou converso p/ me inspirar a escrever também...
    uma ótima parceiria que vocês fizeram, não há melhor escritora neste mundo virtual!!!

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  6. Nós também estamos muito felizes por ela ter se juntado ao Clube!

    Mas diz ae, mano velho... vc curte um rock, curte escrever... bora trocar idéia sobre isso!

    Pega meu msn com o Roberta e me add lá...

    Isso muito nos interessa!!! =D

    Grande abraço

    Marcelo Oliveira

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  7. pô cara, acho que foi exatamente por isso que fui convidado pela ro p/ escrever c/ ela...
    rock... bom, não é que eu ouço, é uma parte da minha alma... eu gosto muito de bandas alternativas, algumas góticas, punk, hard core, metal, pop/rock, a lista é extensa, mas bem seleta...
    e respondendo, sim, também escrevo, tenho até alguns textos no mesmo blog da ro, mas nem chega aos pés das coisas que ela escreve...
    falarei c/ ela sim!!!
    abraçooo

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  8. O legal do Rock Social Club é q os comentários tbm serve de chat hahahaha

    Pessoal, valeu pelas boas vindas e por todos os comentários (alguns um meio exagerados, mas meu ego aprecia e agradece hahahahaha). Obrigada mesmo.

    Rafa, eu te chamei p/ postar no outro blog por causa da brisa e não pelo rock, rock é exclusividade daqui (muito embora a brisa e o rock se misturem muito bem como vodka e... quase tudo).

    bjo e boa semana p/ vcs

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  9. É isso aí, Roberta! O comentário é nossa mesa de bar!!! Afinal, isso aqui é ou não é um clube?!?! =D

    Grande abraço

    Marcelo Oliveira

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