sábado, 8 de outubro de 2011

Rock Contra o Racismo

Por Marcelo Oliveira


Como bom fã de Rock, nos seus mais diferentes subgêneros, sempre tive muito respeito pela história, não só do estilo musical, mas também do movimento cultural que ele representa. E é justamente baseado neste respeito e admiração que costumo afirmar que um rockeiro com postura racista é uma tremenda contradição, já que nas veias do Rock corre sangue negro. O Rock, queiram ou não, é miscigenado por natureza.

É bem conhecido o fato de que o Rock nasceu como uma variação e mistura de muitos estilos musicais, na grande maioria afro-americanos.  Muito especialmente o Blues, o Rhythm and Blues e o Jazz deram as mãos à Country Music e em meio a esta combinação nasceu o Rock and Roll. Porém, muito mais do que o aspecto musical, o que realmente pretendo destacar aqui é o impacto social que esta “revolução” produziu.

Alan Freed
Estamos nos movendo pelos conturbados anos 50 nos Estados Unidos. Momento em que a política de segregação racial estava no seu apogeu, portanto às portas de seu declínio. Praticamente tudo era dividido em “para brancos” e “para negros”. Não era diferente com as rádios. Aquela que tocava músicas de negros era rotulada como “musica racial” e muito raramente era ouvida por brancos. Foi um cara chamado Alan Freed, DJ de uma rádio em Cleveland, que teve a coragem de tocar R&B para um público branco. Aos poucos ele foi introduzindo uma espécie nova de variação rítmica das músicas afro-americanas e chamou a isto de Rock and Roll.

Isto foi como colocar fogo em mato seco aos pés de um morro. O público, principalmente a juventude que já não via tanto sentido na segregação, absorveu esta novidade com um ardor jamais visto. Era de se esperar, portanto, que a reação adversa fosse igualmente forte. O Rock já nasceu, então, sob a marca da polêmica. Os primeiros músicos brancos de Rock, como Elvis Presley, eram praticamente acusados de prevaricadores, inclusive por juntarem à salada musical uma boa pitada de Country Music (o Country era para os brancos o que o Blues era pra os negros).

The Beatles tietando Little Richard

Contudo, foi  justamente a força do mercado (este mesmo, que virou alvo de críticas por “corromper” músicos) que tornou possível a explosão mundial do Rock. As rádios e gravadoras logo perceberam que era impossível parar aquela onda. Era imensa a multidão daqueles que não se importavam mais com a cor da pele dos músicos, mas queriam Rock! Isto teve um papel importante no fim da política de segregação racial.

O mais revolucionário guitarrista da história: Jimi Hendrix

Portanto, se alguém ainda quiser bancar o idiota sendo racista, que seja minimamente coerente e não arraste o Rock para esta lama. Ele é exatamente o oposto disto!

Confira abaixo a versão original (1951) de "Rocket 88", considerada por muitos como a primeira gravação do Rock. Ike Turner e o saxofonista Jackie Brenston, negros como a noite...



Grande abraço!

Marcelo Oliveira  

5 comentários:

  1. Nossa senssacional, vocês escrevem muito bem, parabéns Marcelo ficou ótimo. A propósito ontem eu li sobre isso. Infelizmente ainda não conseguimos banir o racismo, as pessoas se fecham em um mundinho que pensam ser só delas e esquecem de olhar para trás e para os lados. Eu por exemplo: minha cor é branca mas tenho sangue de negros, meu bisavô era afrodescendente, imaginem agora eu sendo racista com uma pessoa negra? Eu estaria sendo racista comigo mesma. Racismo não cabe em lugar em algum e com o Rock não é diferente.

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  2. Falou tudo marcelo. O rock foi e sempre sera um criador, um guerreiro, um estilo musical e de vida q mudou a historia do mundo com lutas pela paz pela igualdade pelos jovens e pela historia. O rock eh paixao e liberdade. O rock eh vida e temos q respeitar

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  3. sem contar o miles davis que foi fundamental na fusão do rock com jazz, fusão essa que muita gente faz por ai.

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  4. Rock é mais do que música, é uma expressão de arte, de liberdade, amor e fraternidade. Assim sendo, não pode compactuar com valores que ferem a ética e o respeito para com os demais indivíduos, mesmo que algumas pessoas tentem nos associar com valores tão perversos, como a Cláudia Leite tentou no último Rock in Rio.
    Excelente artigo.

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  5. Mas o racismo no rock não acabará nunca.Inclusive, existem Vários rockstars racistas, um deles é o SebastianBach(ex-skid Row).Em 1992 mesmo, quando ele esteve aqui no Brasil pela primeira vez(na época como vocalista do Skid Row), ele e toda a banda exigiu ficar em outro andar do hotel onde não tivesem que ficar com o grupo de integrantes negros Living Colour.E sem contar, que até pra tirar fotos com fãs podem reparar, fãs branquinhos ganham a preferência.Ué se não gosta de negro, o que ele vem fazer aqui no Brasil???Isso não estou tirando da cartola, eu mesma vi a diferença dele em relaçaõ aos fãs.Curioso é pq ele foi casado com aquela indiana hororosa(Maria) e agora namora outra baranga indiana(minnie).??????????????Ele deveria arrumar uma loira de olhos claros, já que seu racismo é tão grande.

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