terça-feira, 18 de outubro de 2011

1 peixe, 2 filmes e as incontáveis versões da mesma música

Por Roberta Grassi


Quem escreve sabe que mais difícil do que escrever é ter uma ideia sobre o que escrever, e que às vezes essa ideia para escrever vem nas horas mais improváveis.

Para Frank Black, guitarrista e principal vocalista da banda Pixies, a ideia para a letra de uma música veio enquanto ele fazia mergulho no Caribe. Ele contou em entrevista que enquanto todos os outros peixes fugiam da presença dos humanos que estavam ali fazendo snorkeling, havia este peixe muito pequeno que tentava segui-lo. E graças a este pequeno peixe em 1988 o mundo conheceu a sétima faixa do seu álbum Surfer Rosa: ”Where Is My Mind?”.

E desde 1988 esta é a trilha sonora perfeita para aqueles que estão com a cabeça à beira de um colapso. E em dois destes momentos em que a música serviu de trilha sonora para a insanidade as palavras de Frank Black foram tão bem usadas que chegaram a quase figurar um hino à demência: em 1999 no final do filme Clube da Luta e este ano no filme Sucker Punch – Mundo Surreal.


Se você não assistiu Clube da Luta, assista. E se você não leu o livro de Chuck Palahniuk no qual o filme foi baseado, então leia, porque mais do que violência gratuita a história de Clube da Luta está abarrotada de filosofia, existencialismo e reflexões das quais insistimos em fugir.


Depois de quase 140 minutos de niilismo e do abdômen definido do Brad Pitt, David Fincher nos presenteia com a cena final quando o personagem de Edward Norton, depois de se confrontar-se com Tyler Durden (não, a gramática da frase tá certa, se você assistiu o filme sabe que “se confrontou-se” neste caso existe), diz à Marla Singer que vai ficar tudo bem e, ao som da versão de Placebo para Where Is My Mind, segura sua mão e assiste a destruição de um centro financeiro.


Eu não tenho palavras educadas para dizer o quão foda é esta cena, então tá aí o vídeo que vai falar por si só.




E este ano mais uma vez o cinema provou que violência, explosões e filosofia (mesmo que seja barata) se misturam tão bem quanto vodka e... quase tudo.



Logo de cara Sucker Punch mostrou que trazia armamento pesado – você tem que dar crédito para um filme que tem Led Zepplin logo no trailer.


Eu fui no cinema assistir Sucker Punch e no meio do filme minha irmã me chamou e perguntou se eu tinha reconhecido a música. Demorou alguns segundos para meu cérebro ligar os pontos, a versão de Yoav e da atriz Emily Browning (que vive a protagonista do filme) é bem diferente da original, dando um quê de onírico à desorientação de Where Is My Mind.


Como a ode à loucura não é exclusividade do cinema, incontáveis bandas se deram o direito de fazer sua versão de Where Is My Mind: a já citada Placebo, Nada Surf, Kings of Leon, James Blunt (que eu achei que só sabia cantar "You're Beautiful”), a cantora M.I.A. e a lista se estende um pouco mais. Mas nenhuma das versões da música foi tão inusitada quanto um mashup com a "Blowin in the Wind" do Bob Dylan batizada de "Blowin' in My Mind".




Até o próximo post


@robertagrassi
http://esquizofreniacoletiva.blogspot.com

2 comentários:

  1. "Clube da Luta" é ótimo, vale a pena assistir. Final surpreendente.
    @MarcoAMartire

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  2. Uau... Já tinha visto algumas fotos do filme Sucker Punch, e estava morta de vontade de ver, depois deste trailer então. Amo filmes assim. Clube da Luta ainda não vi e também entrou pra minha lista. E bom a música nem preciso dizer que curti muito, é ótima. Valeu... ;)

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