Os Mutantes - Parte II

Por Gustavo Henrique

Seguindo a seqüência de posts sobre a história dessa banda seminal do Rock Nacional, vou dar uma analisada no primeiro álbum deles. O 1º álbum é o homônimo ‘’Os Mutantes’’, que foi lançado em 1968, pela gravadora Polydor. São 11 faixas com uma duração total de 36 minutos.

Confiram as faixas comentadas:

1 - Panis et Circenses (3:38) = Panis Et Circenses vem do latim: Pão e Circo. A faixa que abre o LP é uma canção composta pela dupla Caetano Velloso / Gilberto Gil. É uma notória crítica à burguesia com sua vidinha comum e principalmente, uma critica à Ditadura, que na época agia como na Roma Antiga, onde os Imperadores garantiam ao povo ‘’Pão e Circo’’ e eles (Ditadores) pensavam pelo povo. Logicamente, a crítica naquela época tinha que ser muito camuflada. Por isso a musica é cheia de metáforas. Aqui já nota-se o grande toque do Maestro Rogerio Duprat no som dos Mutantes.

2 - A Minha Menina (4:42) = Canção escrita por Jorge Benjor (que na época era somente Jorge Ben) e que se tornou uma das músicas mais famosas dos Mutantes. É de Jorge Benjor a voz no começo que começa a tossir. Aqui já se percebe a inserção de uma distorção nada usual para a época.

3 - O Relógio (3:30) = A 3ª musica é a primeira feita em parceria pelo trio fundamental dos Mutantes: Sergio, Arnaldo e Rita. O Relogio é uma musica que começa em um tom quase sonolento, meio psicodélico, e no meio, vira um rock energético e no fim, volta ao mesmo ritmo que começou. Como se fosse um relógio, a música começa de uma maneira, dá uma volta e termina no mesmo ritmo que começou. Realmente uma viagem !!! 

4 - Adeus Maria Fulô (3:04) = Musica composta pelo multi instrumentista brasileiro Sivuca. Trata-se de um samba-rock que começa com ruídos de passarinhos e com clara influencia de Sivuca a parte musical tem direito a quica e marimba.

5 - Baby (3:00) = Música composta por Caetano Velloso. Versão dos Mutantes para essa música que saiu no disco Tropicalia (assim como Panis Et Circenses). Aqui nota-se uma inserção de distorção e de um moog sensacional, que deixa a musica com um tom saudoso. 

6 - Senhor F (2:33) = Mais uma composta pelo trio central dos Mutantes. A letra faz menções a um Senhor F, que na ótica de alguns, simboliza o povo simples que quer ser o Senhor X, no caso um militar ou apoiador da Ditadura, para assim ter mais status. 

7 - Bat Macumba (3:10) = Mais uma música que esteve no álbum Tropicália e que foi composta pela dupla Caetano / Gil. Em minha opinião, uma das melhores do disco. O mais legal dessa música é olhar o formato da letra no papel. Mais uma vez, fica evidente a mistura de guitarra distorcida com ritmos brasileiros. 

8 - Le Premier Bonheur du Jour (3:36) = Musica da cantora francesa Françoise Hardy, que Os Mutantes coverizaram numa versão bem própria, como sempre, e num clima totalmente hippie, com flauta e com a voz doce de Rita Lee. A medida que a música se encaminha para o final, ela ganha um clima meio sombrio. 

9 - Trem Fantasma (3:16) = Musica composta pelos Mutantes em parceria com Caetano Velloso. No começo uma mistura de flauta com percussão brasileira dão lugar às vozes de Rita Lee e Arnaldo Batista que fazem um dueto. Muitos metais e uma guitarra rock and roll bem característica dos Mutantes. Também uma das minhas prediletas do disco. 

10 - Tempo no Tempo (Once Was A Time I Thought) (1:47) = Uma versão dos Mutantes para a musica do grupo americano The Mamas and Papas, composta por John Phillips. Com um toque especial, o grupo recria essa canção. Vale a pena conferir a adaptação que o trio fez à letra da musica original. Muito criativa!

11 - Ave Gengis Khan (3:47) = E o album se encerra com mais uma musica composta pelo trio central da banda. Um ritmo meio jazzístico, uma levada de moog, muito groove e a indefectível guitarra distorcida solando, um verdadeiro assombro, a nível de Brasil, para aquela época. A musica é praticamente uma instrumental, com algumas mensagens em backwards.

Ficou claro no 1º disco dos Mutantes que, eles tinham muita influencia do Tropicalismo, mas também que, estavam chegando com muita coisa inovadora para a cena nacional, como as orquestrações (sempre capitaneadas pelo Maestro Rogerio Duprat), as guitarras distorcidas misturadas com ritmos brasileiros como o samba-rock e uma das marcas principais desse grupo que é a forma caricata e as vezes até debochada de abordar temas sérios. Esse foi apenas o 1º álbum. Muita coisa boa ainda está por vir !

Até lá!!!

Gustavo Henrique - @Gustavo_CAP