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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

1 livro, 3 bandas e 1 assassinato

Por Roberta Grassi



O Apanhador no Campo de Centeio (em inglês The Catcher in the Rye) foi escrito pelo norte-americano J. D. Salinger e publicado em livro em 1951. O livro conta a história do anti-herói Holden Caulfield, um adolescente de família abastada de NY que, depois de receber um boletim recheado de notas baixas e de ser expulso da escola, resolve deixar o renomado colégio interno e voltar para casa mais cedo. Antes de ir para casa e contar as más notícias para seus pais, Holden se instala em um hotel decadente de NY e gasta alguns dias perambulando pela cidade e refletindo sobre sua curta vida, repassando sua peculiar visão de mundo e tentando definir alguma diretriz para seu futuro.

Inicialmente o livro foi publicado para adultos, mas se tornou popular entre jovens leitores por lidar com temas tipicamente adolescentes como confusão, angústia, alienação e rebelião.

A Wikipédia diz tudo isso sobre o livro. E eu tenho que tomar cuidado com o que eu digo sobre este livro, porque ele é um dos meus favoritos e é difícil falar sobre algo que você gosta muito sem parecer um fanático religioso tentando empurrar sua visão goela abaixo de todo mundo.

Mas mais do que a história ou a linguagem que J. D. Salinger usou para contá-la, o que torna este livro único é o sentimento que ele faz você reconhecer em si mesmo: a idéia de que a superficialidade domina tudo, a sensação de estar diluído entre a futilidade que outros tentam te convencer que está repleta de relevância, a tentativa de encontrar seu lugar no meio de tudo isso.

Foi meio que este sentimento que inspirou Iggy Pop e o guitarrista James Williamson a escrever “Search and Destroy”, música do albúm Raw Power da The Stooges e lançada em 1972.


O nome da música veio de um artigo da revista Time sobre a Guerra do Vietnã e a letra trás referências à cena geral Guerra do Vietnã, incluindo napalm, bombas nucleares, tiroteios, e radiação. Em entrevista, Iggy Pop disse que foi do artigo que ele tirou a ideia do “world's forgotten boy” que aparece na música, que é “meio parecido como personagem de O Apanhador no Campo de Centeio – uma vez que você percebe que as pessoas no alto escalão da política ou da industria da música ou no topo de qualquer coisa, como eles começam a supervalorizar as coisas e pensam que podem empurrar qualquer merda goela abaixo dos jovens, e eles simplesmente não se importam se é algo que que os jovens vão gostar ou não”.

Outra música inspirada no livro foi “Who Wrote Holden Caulfield?” do Green Day, décima primeira faixa do Albúm Kerplunk de 1992.


Reza a lenda que um professor do colégio fez Billie Joe Armstrong ler O Apanhador no Campo de Centeio e na época Billie Joe odiou o livro. Quando ele se tornou um adulto, ele decidiu ler novamente o livro e percebeu como Holden Caulfield tem um quê de punk rock, sendo um desajustado e tudo mais. Foi a partir daí que ele escreveu a música.

E de todas as músicas que o livro inspirou nenhuma trouxe uma referência tão óbvia quanto Catcher In The Rye do Guns N' Roses.


De acordo com Axl, a música é inspirada pela síndrome de Holden Caulfield. Quando ele anunciou que estava compondo sobre o impacto que o livro teve na vida das pessoas e as motivou de maneira estranha, Axl recebeu um telefonema de um diretor oferecendo dinheiro para fazer um documentário e vários pacotes estranhos com material sobre o assasinato de Lennon. Devido a toda a atenção que isso dispertou Axl pensou que estava no caminho certo, pelo menos, para uma música.

Sobre esta “motivação estranha”, Axl está claramente se referindo a Mark Chapman, assassino de John Lennon.

Em 8 de dezembro de 1980, Mark Chapman atirou em John Lennon em frente ao Edifício Dakota, próximo ao Central Park e última residência do ex-Beatle. Após os disparos, Mark Chapman abriu o exemplar que carregava consigo de O Apanhador no Campo de Centeio e leu o livro enquanto espera a polícia vir prendê-lo. Durante o julgamento, o assassino declarou que estava lendo o livro minutos antes de tentar suicídio e que a inspiração para matar John Lennon teria vinda da obra de J. D. Salinger.

Óbvio que alegar que a inspiração para um assassinato veio de um livro é prova que o infeliz tinha sérios problemas no cérebro. E em resposta a qualquer alegação sobre o mal que o livro eventualmente causou, eu recorro a outro autor, Oscar Wilde:

“O mundo chama imorais aos livros que lhe revelam a sua própria infâmia. Mais nada.”

E leiam O Apanhador no Campo de Centeio, o livro é realmente muito bom.

@robertagrassi
http://esquizofreniacoletiva.blogspot.com

2 comentários:

  1. Devia ter escrito sobre Crepúsculo, "O Apanhador" não fez muito sucesso hahahahahaha

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  2. eu lembro q vc sempre falou dessas referencias todas, mas não lembra q era tudo isso... tipo, pelo titulo do texto, eu só sabia ql seria o livro, até pq vc SEMPRE cita ele de alguma forma... hahahahahaha

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